terça-feira, maio 20, 2008

O Direito ao Mau Gosto

Uma das coisas que nunca pensei que um dia iria defender, é o direito de cada um exercer o seu mau gosto, pois é, a vida dá voltas...

Atualmente em qualquer conversa, uma das coisas mais chatas é a infinidade de opiniões querendo se sobrepor umas às outras, sintoma de épocas internéticas, onde de uma hora para outra todo mundo virou expert em tudo.

Nada contra experts, mas é um tal de todo mundo tentar lhe convencer que fulano é um bosta e deltrano é gênio, é cicrano é Deus, e quem pensa o contrário é um idiota, e é também tanta opinião influenciando antes que a gente veja qualquer coisa, que é dificílimo não seguir a onda e gostarmos de algo por nós mesmos.
Tá, mas onde é que entra o tal do mau gosto citado no título, nisto tudo? Bem, vamos ver um exemplo hipotético... E que tal o mundialmente malhado Paulo Coelho?

O nosso mago imortal e picareta é praticamente execrado –com provável justa causa- em qualquer conversa literária, pela pobreza franciscana de seus textos. O número de pessoas que apontam seus defeitos, chega a ser proporcional ao e ao número de pessoas que conheço que leram (e olha que são os únicos livros que leram na vida) e gostaram.

A principal questão é: Estão erradas em gostar? Ou em até mesmo em tirar alguma lição daquilo tudo, por mais rasa que seja? Existe alguma regra absoluta sobre o que as pessoas devem gostar ou desgostar? E onde é que entra o tal do livre-arbítrio nesta história toda?
A própria fronteira do bom e do mal gosto costuma oscilar de época para época. Jim Morrisson já foi considerado um gênio das letras, hoje, cada vez mais é considerado um bêbado de botequim por muitos fãs de rock.

Outro exemplo: não gosto do Led Zepellin. É uma baita banda e são ótimos no que fazem, isto não vou poder nunca negar, assim como não posso negar que simplesmente não gosto do som deles. Adoro ver Blade 2, acho um puta filme e me diverti pra cacete vendo Quarteto Fantástico 1 e 2, são filmes ruins? São. Posso escrever 50 páginas só detalhando os defeitos de cada um deles, mas o fato é... Me diverti vendo eles e realmente gostei de ambos. Ponto final. É meu direito.

Jamais vou escrever loas querendo justificar que gostei por causa disto e daquilo e que na verdade a caça ao vampiro é uma metáfora da intransigência da sociedade contra o blá, blá, blá... ou esconder sob o prisma do gosto-porque-é-trash-e-não-deve-ser-levado-a-sério, besteira, gosto mesmo e não é porque é trash.
Entra aí o tal do direito ao mau gosto.

Todo mundo tem uma opinião, e às vezes ela é uma coisa que não faz necessariamente lá muito sentido.

Fábio Ochôa