segunda-feira, julho 10, 2006

E Então o Fim...

Esta aqui foi a última ilustração feita para a revista Biopop.
Eu estava trabalhando na montagem do infográfico no qual ela fazia parte quando recebi o telefonema.
Por questões políticas a verba da revista estava cortada.
Era isto. Repentinamente a revista estava acabada. Ponto factual.
E com ela todos os planos que vinham se desenvolvendo.

Foi com uma calma estranha, que recebi a notícia por telefone.
Após falar o que parecia adequado na situação, voltei para o meu computador. A ilustração montada ainda me esperava, semi-acabada.
Por aquelas reações que nunca esperamos, em vez de deletar o arquivo apenas fiz outro café e passei outra uma hora concluindo a ilustração até o fim, sem pensar em mais nada.
Por algum motivo curioso, apesar do fim da revista, deixar o trabalho inacabado me pareceu inaceitável. Independente da sua publicação ou não, ele não poderia ficar pela metade.
Após o gráfico concluído só então me pareceu que finalmente a revista havia acabado.

Nos momentos críticos, alguns segundos antes das bombas estourarem ou sempre que alguma decisão importante tem que ser tomada, parece que para mim todas as emoções se esvaziam.
Fico acometido de uma calma e uma racionalidade tão grande que chega a beirar a apatia. Pesando pontos e atitudes a serem tomadas como se elas fossem referentes à vida de outra pessoa e não à minha, como se estivesse decidindo qual o melhor rumo para algum personagem que estivesse escrevendo.
É uma das reações à crises mais incomuns que já vi.
Nunca encontrei ninguém que tivesse um processo semelhante.
Imagino que quando eu morrer as indústrias farmacêuticas de anti-depressivos vão disputar à tapa o meu corpo.
E assim mais uma página virada no livro da vida.

O que reserva as próximas semanas? Novos personagens, novas histórias, novos rumos.
E a busca de um novo emprego.

Bem ou mal, fica um conselho aprendido: nas horas de crise, nunca pare. O mundo não pára. A vida não pára. Mantenha-se sempre em movimento.
Em movimento nada pode atingir você.

Bem, as coisas poderiam ser piores. Eu poderia ser amigo de Superman (ver alguns posts abaixo).

Fábio Ochôa

1 Comments:

Blogger Eduardo Hoewell said...

Como eu disse uma vez - "enquanto não me quebrarem as mãos eu seguirei desenhando..."
Infelizmente essas coisas acontecem, mas tens talento mais que o suficiente pra tocar a bola pra frente (A não ser que estejas vendido como a seleção... bom, mas se for assim vais encher os bolsos, o que na verdade é bom...heuhuhueh)
Quanto ao modo de reagir, não te preocupas, não é tão incomum assim. Eu mesmo talvez seja um pouco assim para alguns casos, para outros não, mas é a vida...

10:32 AM  

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