Estamos ficando sentimentais.

Estamos ficando sentimentais.
Está nas entrelinhas dos diálogos. Eu e meus amigos.
No tom da voz e no comentário, no silêncio contemplativo que fica no ar após certas frases.
Silêncio sempre quebrado por um oportuno que muda de assunto.
Certas coisas boas doem de serem lembradas, podem ser revividas por alguns segundos, mas outro assunto deve ocupar o seu lugar, é nosso trato tácito nunca verbalizado. Nosso trato que todos entendem e são cúmplices.
Como todas coisas preciosas elas tem necessidade de ficarem bem guardadas e evitar a superexposição.
Estamos ficando sentimentais.

As conversas sobre ontem tem outro tom.
Pode ser nossos trabalhos, que roubam o tempo, a atenção e a energia.
Pode ser nossas mulheres que contém a promessa que nada nunca mais vai ser como antes, para melhor ou pior.
Pode ser a vida que engole a todos.
Os planos que amadurecem, são desfrutados ou caem podres no chão.
Ou ilusões que caem uma a uma.
É bonito.
Como só as coisas tristes conseguem ser.

Fábio Ochôa