terça-feira, janeiro 23, 2007

Vai um mangá aí?






Leitor de hq é uma raça lastimável, falo com propriedade e conhecimento de causa, sou um deles.

No meu tempo de criança eram os marvetes contra os DCnautas – e os saudosistas derramam uma lágrima de emoção – e ambas as facções torcendo o nariz para Disney e Mônica, como se marombados superpoderosos vestindo colantes fosse lá uma coisa muito madura, na minha adolescência, era a os fãs de material europeu e Vertigo contra os super-heróis, cresci e vejo os fãs de mangá contra os fãs de comics, e vice-versa.

É o bom e velho preconceito fazendo meio mundo perder boas histórias. Fazer o que
Poderia fazer um discurso dizendo que não existe bons e maus estilos de fazer hq, mas sim bons e maus autores, mas acho que sensatez intoxica. Fiquemos quietos.

Todo este preâmbulo vasto foi só pra dizer que algumas das coisas mais legais que li nos últimos tempo foram mangás.
O que exatamente uma coisa tem a ver com a outra, não sei. Estou ficando velho e esclerosado.
Vamos aos mangás então:


O Vampiro que Ri-

Esta foi uma das grandes surpresas do ano.
Não estava lá muito a fim de ler, sempre tenho um desconfiômetro imenso com as “revelações” do underground, talvez tanto quanto eu tenho com os produtos da mídia mainstrean.
Geralmente as obras underground sempre ecoam um grande vazio, embalados em uma banalização gratuita do choque, do sexo e da violência.
Antes que algum defensor aguerrido do underground resolva pendurar minhas bolas na ponta de uma lança, já aviso que estou generalizando.

Voltando à história, Vampiro que Ri é chocante, sim, não vou perder meu tempo falando que o autor quis fazer uma crítica à decadência da sociedade moderna e blá-blá-blá-blá-blá, até porque acho que a história realmente não tem nenhuma mensagem por trás de seu nilismo.

Mas, além da brutalidade, o que me fascinou nela foi seu clima estranho, onírico, indefinível... a mesma sensação que tenho ao ver Nosferatu sair das sombras... aquela coisa de pesadelo subconsciente que ficou da infância... a mesma sensação que tenho ao ouvir algumas músicas do Pink Floyd... aquele algo indefinível, pesado, que escapa às palavras.
Mas sempre fascinante.
Aquela coisa que só as obras de arte tem.

A leitura é difícil, vão ser poucos que vão conseguir ficar confortáveis com bebês sendo usados para preencher uma banheira cheia de sangue, ou um ato de masturbação envolvendo um dedo decepado, mas a história vale a pena, desde que você não seja perturbado ou idiota o suficiente para se influenciar por ela.
Me pergunto o que levou a Conrad a publicar este livro, um prato para poucos paladares. Uma aposta arriscada, mas que acabou vingando.
Prova de visão e ousadia, coisa rara em nosso mercado editorial.

Não deixa de ser curioso notar que todos os quadrinhos-underground-marginais-do-mal-contra-este-sistema-decadente-podre-capitalista, sempre vêm em formato luxuoso e caros pra cacete.

Sandland-

Akira Toriyama é legal. Dói, mas admiti.
A primeira coisa que li dele foi Dragon Ball, com a nobre missão de coletar material para falar mal com base, porém, acabei gostando da história, o que aliás quase me fez procurar ajuda profissional ou terapia com drogas.
Depois veio Dr. Slump, que é cientificamente impossível de não gostar.

Em Sandland, Toriyama conta uma história que mistura um deserto, demônios e um velho soldado dentro de um tanque de guerra atrás de uma fonte lendária com toda aquela dose de bizarria nonsense e bom-humor ingênuo na qual Toryama é mestre.

Ele consegue me lembrar a um só tempo o gênio de Carl Barks, o clima de Asterix, o gaulês (o dos bons tempos), as saudosas Heróis da TV da minha infância e os gibis da Luluzinha –outro gibi que eu adoro, notaram como eu estou auto-confessional hoje?-.
Leitura leve e pra lá de recomendada. Genial à sua maneira.

E pensar que toda a história só surgiu por que ele queria desenhar tanques...

Uzumaki-

Chegamos então ao último e não menos bizonho mangá da lista: Uzumaki.

Pra resumir a questão, este foi o único gibi que fiquei receoso de virar a página, tamanho o grau de desconforto que ele gera.
Digamos que não são lá muitas pessoas que vão ficar confortáveis com a visão de um bebê sendo costurado de volta dentro da barriga da sua mãe.
Japonês quando resolve ser doentio, sai de baixo (nada pessoal, Carol).

A história não faz lá muito sentido (ok, não faz sentido nenhum) mas tem um clima assombroso e imperdível, forte como a muito tempo não via (exceção solene: O Vampiro que Ri, não por acaso, de outro tarado nipônico).

Como se não bastasse tudo isto, ainda descobri que Uzumaki virou filme no Japão.
Fiquei querendo ver, embora não sei se meu estômago está preparado para ver bebês costurados, grávidas bebendo sangue de doentes (com direito a furadeira no pescoço), homens-caracóis e meninas com buracos na cabeça, onde os olhos rolam soltos.
Ê povinho creepy.
Yeach!

Fábio Ochôa

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

preâmbulo= tú tá ficando, além de velho, muito nogento!

Que nem eu... :-)

Abraços.

Juno

1:01 PM  
Anonymous Anônimo said...

preâmbulo= Além de velho, tú tá ficando nogento! Que nem eu! :-)

Abraços...

Juno

1:02 PM  
Blogger Faber said...

Todos os 3 show de bola!

10:23 PM  

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