terça-feira, junho 13, 2006

Felicidade Copística

Lembro bem de assistir com meu pai o desesperador jogo em que o Maradona vence o Brasil com um gol de mão, era a semifinal da copa de 1990. A vibração, a esperança, a derrota, a raiva, e por fim simplesmente a tristeza.

Quatro anos depois. Desta vez na fazenda do meu avô. Brasil contra Itália. Jogo maçante, o desgaste era visível no rosto dos jogadores de ambos os times. A força, a garra, guerreiros batalhando durante o espaço de tempo máximo possível em jogos de futebol. A tensão me dava dor de cabeça à medida que cada prorrogação terminava. Por fim, sob jogadores abraçados em concentração como pano de fundo, uma disputa lotérica de Pênaltis. O chute final de um Italiano desafortunado. Nossa vitória trancada há muito tempo é liberada na atmosfera em forma de gritos. Estávamos tão cansados quanto nossos jogadores, mas estávamos muito, mas muito felizes. Lembro bem que depois de toda a agitação da vitória, por não estar na cidade, o silencio logo tornou a cantar, e eu contemplando aquelas saudosas paisagens dos pampas percebi aquelas terras brasileiras, GAÚCHAS muito mais bonitas do que outrora.

Não lembro muito do que senti na Copa de 1998, exceto por desilusão. Nem mesmo a raiva esteve presente. O Brasil não jogou aquela copa, pelo menos não a partida final dela.

Sobre 2002 também tenho pouco a falar. Nova vitória, mas parece que as coisas estavam fáceis demais. Não teve emoção que perdurasse como as que já lhes citei. Interessante pensar que as coisas nos parecem mais ricas e cheias de encanto quando somos crianças. Com certeza fiquei feliz, sem dúvida alguma, pela nossa conquista.

Hoje, dia 13 de junho de 2006, faltam 30 minutos para a estréia de nosso time na Copa. Algo grita dentro de meu peito. Acho que retomei aos meus 8 anos onde pouco me interessava o que significava realmente o futebol. Sou forçado a confessar que faço parte daqueles brasileiros que são fanáticos por este esporte, pelo menos de coração, pelo menos na Copa do Mundo. Hoje, com minha consciência critica mais madura, posso dizer que não só a felicidade e o desejo de vitória ocupam meu peito. Desejo que nossos representantes mostrem ao mundo o valor dos povos desta nação. Desejo união entre ela, mesmo aos gaúchos mais radicais – deixem seus ressentimentos de lado. Ontem fomos guerreiros destas fronteiras, não recebemos reconhecimento daqueles que eram nossos superiores, mas não precisamos disso, somos maiores. Novamente Hoje, nos tornamos guerreiros das fronteiras do sucesso, as esperanças e anseios caem em grande peso nos ombros de um dos nossos. Força Brasil.

Para finalizar esta conversa aparentemente sem sentido, não vejo a Copa como o novo Pão e Circo, as vésperas das eleições. Desejo sim que aqueles homens que nos representam em terras distantes façam o melhor de si. E sonhadoramente desejo que suas façanhas sirvam de exemplo a toda esta Terra. Que nossos representantes sintam-se um pouco incomodados e envergonhados, que queiram jogar em equipe. E que nosso sofrido povo tome o exemplo para suas vidas, batalhem por cada Passe, por cada Gol. Deixaríamos com certeza o Brasil não só o país do Futebol, mas também da Dignidade.

Como fico feliz com a copa...
Eduardo Bonini Hoewell

6 Comments:

Blogger Fábio Ochôa said...

Havia motoristas para todos os lados. Tinha também uma grande carga de eletricidade nas ruas. Pra variar cheguei literalmente correndo (tive que atravessar meia Santos Dumont literalmente correndo)cheguei atrasado. Ela já havia comprado os refrigerantes e salgadinhos, que tive que, obviamente carregar.
Esta lembrança data de horas atrás. É o suficiente para ser a minha mais marcante da copa.
É outra coisa assistir a um jogo da copa junto de quem se gosta.
É outra coisa fazer qualquer coisa junto de quem se gosta.
O jogo acabou às seis. Minha copa particular acabou às 10:20.

Jesus, estou piegas pra caralho hoje, nem vou postar nada.

10:48 PM  
Blogger Fábio Ochôa said...

E ótimo post, Eduardo, emotivo e sentimental no melhor sentido da palavra.
Quem sabe não teremos mais alguém para se arriscar nas palavras no futuro?

Grande abraço.

10:50 PM  
Blogger Eduardo Hoewell said...

Cada um sabe como aproveitar os momentos na vida. Na verdade nós tornamos as coisas importantes ou não, relevantes ou não...

Bem vindo ao mundo da Copa do Mundo Sr. Fábio... ehuhuheuh

E obrigado pelo comentário. Fico feliz por ter passado (aparentemente) pelo conceito inicial de um crítico exigente.

5:26 PM  
Blogger Fábio Ochôa said...

Sempre fui um tanto away de futebol, mas esta foi uma boa estréia.

Agora é não deixar a bola cair e textos adiante.

5:42 PM  
Anonymous Anônimo said...

Graças a Deus!!!!!!! consegui postar aqui.......hehehe(tava difícil!). Bom, primeiro queria te dar os parabéns pq achei muito legal o q escrevestes e queria dizer tb q me indentifiquei c/ o teu texto. Acredito q muita gente, aliás, deve ter se identificado. Quem nunca passou por algum momento especial durante uma copa do mundo? mesmo q as vezes alguns alegres e outros ruins... mas valeu por ter dividído com a gente um pouco da tua vida! afinal falar sobre a copa, ainda mais nessa época, é sempre bom. =)) bjs Fe

9:16 PM  
Anonymous Anônimo said...

e mais uma vez: Parabéns!!!! um ótimo post!!!!!!!! =))
bj Fe

9:20 PM  

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