sábado, junho 17, 2006

Olho de Lobo



Existem “armadilhas” inevitáveis de se cair quando se cria alguma coisa. Para mim, é inevitável que meus poucos personagens tenham um pouco de mim mesmo em suas essências. Este é o caso de Canino, um lobo que venho polindo desde 1994 quando o rabisquei pela primeira vez no papel.

Não posso dizer que seja fácil ou difícil, apenas foi assim. Este personagem não surgiu sem propósitos em minha cabeça. Hoje percebo que, de certa forma, ele serviu como um filtro de personalidade. Nele depositei muita coisa que passei por vida. Com ele guardei meu passado e meu presente, assim como meu desejo de futuro, meus ideais e meus princípios.

Deixando clara a importância deste ser para mim, sinto-me livre para falar então do olho. Aprendi a desenhar com meu pai em muitos sentidos. No inicio, quando ele era vivo e eu tentava acompanhá-lo durante seu projetos, era meu ídolo. E depois que o perdi, além das lembranças, tive seus quadros desenhados a grafite integral em papel casca de ovo. Sua precisão e detalhes são impressionantes – não é por ser meu pai – diga-se de passagem. Ele teve um carinho todo especial pelo rosto, pela expressão facial, pelo OLHO. Desta forma o desenho do olho se tornou um vicio instintivo no meu traço. É um olho que eu rabisco num papel qualquer quando estou ao telefone, é um olho que minha mão faz automaticamente no canto de um caderno enquanto presto atenção em outra coisa. O olho, com seu significado mágico de Ver, de mostrar, de tornar claro, sempre me fascinará. E herdando este vicio plástico de meu progenitor não poderia deixar de valorizar tal parte em meus personagens, híbridos de meus devires com minha criatividade.


Olho de Lobo
Olho de força
Quem és tu que procura o que não sabes?
Quem és tu que não encontra o que conheces?

Força Lobo, segue em frente
Vai buscar teu nascer de sol
Não deixa que teu poder te torne cego
Tão somente que tuas fraquezas te tornem descrente

Uma jangada ao mar te levará longe
Uma vontade no peito te levará aonde tu quiser
Olho de esperança
Olho de Lobo

Segue em frente
Até onde a vista der


Uma viagem de
Eduardo Bonini Hoewell

4 Comments:

Blogger Fábio Ochôa said...

Não adianta, todo artista tem lá suas obsessões,(olhe o Cássius e sua mania com o "deeeeeenteee") embora nunca tivesse notado esta sua do olho.
Mas já notei a sua do laranja.

Dos trabalhos do seu pai, um dos que considero mais impressionantes é justamente aquelas paisagens urbanas pintadas à ecoline, e as árvores em negro.
Mais de uma vez já parei admirando aquilo na parede.

4:21 PM  
Blogger Eduardo Hoewell said...

Aqueles são realmente muito bons.
Eu planejo no futuro fazer uma série de trabalhos sobre árvores, relendo a obra dele. Árvores de tudo que é tipo, com materiais diferentes e coisa e tal. Uma espécie de homenagem

5:12 PM  
Anonymous Anônimo said...

PARABENS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! MUITO LEGAL O COMMENT!!! MUITO PROFUNDO!!! LINDO, LINDO!!! BJAOTE AMO FE =))

8:38 PM  
Anonymous Anônimo said...

e o poema.. emocionante!!!=))

2:27 PM  

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