sexta-feira, maio 25, 2007

Fim

fim

[Do lat. fine.]

Substantivo masculino.


1.
Momento em que se acaba ou se conclui alguma coisa; conclusão, termo final:
Tudo na vida tem um fim;

o fim de uma relação amorosa.


2.
Ponto além do qual não se pode prosseguir; extremo, limite:
Estava no fim de suas forças.


3.
A última parte de qualquer coisa:
Lia rápido para chegar ao fim do capítulo.




Tentei pensar em algo válido para encerrar este blog. Algumas palavras que pudessem soar ideais, que dessem algum sentimento ou dignidade à isto.
Não consegui.
Obrigado mesmo a todos que comentaram e cobraram atualizações, espero quando as coisas melhorarem ter novas histórias, contos, assuntos e desenhos para mostrar à vocês.

Um grande abraço a todos.

Fábio Ochôa

sexta-feira, maio 11, 2007

Revelação

300 estava no auge. Eu estava pra baixo.
Zapeava a televisão, fossa abissal, sabem como é, quando me deparo com um sujeito magro e desengonçado dando entrevista para MTV.
O tal sujeito me pareceu vagamente familiar. Vasculhando um pouco os arquivos inúteis de meu cérebro, não custei a identificar a aparição esquisita como Frank Miller.

Ele estava explicando a gênese de 300. Ainda estranho um pouco esta aura de, se não respeito, coisa cool que os quadrinhos adquiriram.

“antes de começar a escrever 300, fiz uma extensa pesquisa”, disparou ele.
Eu presto atenção.
Na tela Marina faz cara de aaaa-haaaannn...
Volta e meia eu também faço cara de aaaa-haaaannn.
Principalmente quando não estou interessado no assunto, mas ao mesmo tempo não quero passar por mal-educado.

“consultei vários autores de diferentes períodos históricos....e cheguei à uma conclusão...”
Revelação à vista. Me ajeito no sofá.
Suspense. Ele tomar ar. Faz pausa dramática.

“...desde o começo dos tempos... (faz cara de profundo, Marina faz cara de aaa-haaannn) o homem... mata... seu semelhante.”

Aaa-haaannn.
Baita pesquisa.

Fábio Ochôa

terça-feira, maio 08, 2007

Pois é sr. Gaiman...


No último fim-de-semana concluí a leitura do calhamaço de A Estação das Brumas.

Foi um tanto quanto broxante...me bateu aquela sensação de “ok, isso é um clássico dos quadrinhos? Porquê?”.

Sempre fui um leitor esporádico de Sandman, catando um exemplar aqui, outro ali, geralmente gostava do trabalho do Gaiman, embora desconfiasse que no fim das contas, após tanto blá-blá-blá, Sandman não passava de um gibi tão profundo quanto um pires.

Tive que ler dois encadernados para me certificar que é mesmo. Já apanhei vento por aí mais consistente que aquilo.

Neil Gaiman é cheio de boas idéias, mas peca feio no desenvolvimento delas, arrastando as sagas pra lá e pra cá e no fim das contas não chegando a lugar nenhum.

Todas as idéias boas e sacadas acabam ficando perdidas pelo meio do caminho, sem um desenvolvimento ou conclusão mais trabalhada. Talvez um exemplo bem claro disto seja o destino da Chave do Inferno em Estação das Brumas... simplesmente QUALQUER decisão que o autor tomasse, seria mais interessante –porém trabalhosa enquanto escritor- do que a que a história assume, Neil Gaiman joga a idéia de que tudo pode acontecer e quando é hora de chegar às vias de fato, dá uma saída pela direita no melhor espírito Leão da Montanha, finge que não é com ele e escolhe um final pra lá de preguiçoso e cômodo.
Mais broxante que levar a Natalie Portman pro motel e descobrir que ela é homem.
Escrever é correr riscos. As grandes histórias nascem daí.

Nem o fato de Sandman ser um redondo zero no quesito profundidade me incomoda.
Uma história pode ter por proposta apenas diversão e ser uma autêntica obra-prima em termos de arte, tá aí o Pato Donald do Carl Barks, Asterix, o Gaulês, Tintin, Lucky Luke, toda a obra do Jack Kirby, Blueberry nos bons tempos do Charlier, etc, etc, etc, que não me deixa mentir.

O que me incomoda é a autêntica obsessão de Neil Gaiman em querer a todo custo nos mostrar a cada página como ele é culto-profundo-inteligente-erudito-etc-coisa-e-tal, então dá-lhe citação a poetas obscuros ingleses do século XVIII em cada página (mesmo que isso não acrescente NADA ao diálogo ou à história em si) , dá-lhe referências obscuras de ocultismo e cultura pop do século XX, dá-lhe ápices da profundidade PauloCoelhanas como “um lugar que não é um lugar, em um espaço que não é o espaço” jogados pelas páginas.

No meio disto tudo ele acaba esquecendo que o que realmente importa é contar uma boa história... erudição vazia é mero exibicionismo e não serve para nada.

Alguém já parou para refletir no que que realmente muda sua vida ou sua visão de mundo descobrir que Odin é também chamado de Wotan, ou coisa que o valha?

Saudades recente de gente como Alan Moore, Ray Bradbury, Paul Chadwick e Bill Watterson... podem não ser tão moderninhos e não ter tantos fãs, mas sabem divertir, surpreender e fazer pensar e repensar a nossa própria vida como ninguém.

Sem precisar de um caminhão de referências para isto.


Fábio Ochôa