quinta-feira, janeiro 25, 2007

O Livro dos Fatos

Há já algum tempo comprei o Livro dos Fatos, de Isaac Azimov.
Este livro na verdade era um compêndio de fatos estranhos e/ou curiosos que alimentava sua imaginação de escritor.
Achei legal, eu também tinha em minha casa um vasto arquivo de curiosidades, sem fim específico, esperando pacientemente a chance de virar histórias algum dia.
Imagino que todo mundo que lida com texto tenha seu próprio livro dos fatos particular.

Revisitando estas curiosidades que eu guardo, algumas das coisas que mantenho nesta caixa de inutilidades que chamo de cabeça:

A Fome-

Uma das coisas que sempre me impressiona é a mecânica dos corpos, máquinas orgânicas que se aproximam da forma mais louca e perfeita de arte.

É o tipo de coisa que quase faz com que eu acredite em um Deus projetista, esta perfeição tão intrincada que é impossível ser só obra do acaso.
Dentre todos seus fenômenos, uma das coisas que acho interessante é como funciona a fome.

Na falta de alimentos para gerar energia, o corpo consome a gordura disponível no corpo, na falta de gordura, principia a devorar os músculos.
Na falta de alimentos o corpo humano devora a si mesmo.
Sempre achei interessante este conceito.

A rosa de Times Square-

Em plena Times Square, símbolo dos símbolos da civilização brutal ocidental, no meio das multidões e da poluição, nasceu uma rosa no concreto da calçada.
Apesar de todas as adversidades.
Segundo meus cálculos dá para fazer pelo menos umas 287 metáforas quanto a isso.

As sombras de Hiroshima-

As pessoas desintegradas na explosão de Hiroshima.
A única marca que deixaram foram seus contornos, tatuados nas paredes.
Sombras nas paredes.
Sombras mortas nas paredes.

Funeral haitiano-

No Haiti, os funerais são verdadeiras festas. O morto fica no centro da sala, o lugar de honra, sentado em sua cadeira favorita, todos os convidados conversam, riem, apertam sua mão, relembram fatos bons que tenham vivido, oferecem os melhores cigarros para o morto, bolos e contam histórias alegres para ele.

É uma festa de despedida, no sentido mais singelo que ela possa ter, a despeito de toda a bizarria que impere pela cena.

Acabado isto, fazem vigília por três dias, armados no túmulo do morto, para impedir que o ele vire zumbi nas mãos de hougans rivais da família.


A matéria-prima da gelatina vêm dos bois-

Essa eu quase caí duro quando li na Super-Interessante.
Pois é, a inocente gelatina que cansei de comer quando garoto vêm dos restos do boi ressecado.
Pelos meus cálculos protagonizei um autêntico genocídio bovino na infância.
Difícil vai ser dormir com tantos mugidos na minha consciência.

Campos de concentração americanos-

Durante a Segunda Guerra Mundial foram criados campos de concentrações na América, para “abrigar” descendentes de asiáticos e subversivos em geral.
Este sempre foi um assunto que muito me interessou, porém, a dificuldade de achar dados sobre isto é imensa.
É um terreno pantanoso onde ninguém quer pisar.

Alguns entre centenas de fatos do meu Livro dos Fatos particular.

Fábio Ochôa

terça-feira, janeiro 23, 2007

Vai um mangá aí?






Leitor de hq é uma raça lastimável, falo com propriedade e conhecimento de causa, sou um deles.

No meu tempo de criança eram os marvetes contra os DCnautas – e os saudosistas derramam uma lágrima de emoção – e ambas as facções torcendo o nariz para Disney e Mônica, como se marombados superpoderosos vestindo colantes fosse lá uma coisa muito madura, na minha adolescência, era a os fãs de material europeu e Vertigo contra os super-heróis, cresci e vejo os fãs de mangá contra os fãs de comics, e vice-versa.

É o bom e velho preconceito fazendo meio mundo perder boas histórias. Fazer o que
Poderia fazer um discurso dizendo que não existe bons e maus estilos de fazer hq, mas sim bons e maus autores, mas acho que sensatez intoxica. Fiquemos quietos.

Todo este preâmbulo vasto foi só pra dizer que algumas das coisas mais legais que li nos últimos tempo foram mangás.
O que exatamente uma coisa tem a ver com a outra, não sei. Estou ficando velho e esclerosado.
Vamos aos mangás então:


O Vampiro que Ri-

Esta foi uma das grandes surpresas do ano.
Não estava lá muito a fim de ler, sempre tenho um desconfiômetro imenso com as “revelações” do underground, talvez tanto quanto eu tenho com os produtos da mídia mainstrean.
Geralmente as obras underground sempre ecoam um grande vazio, embalados em uma banalização gratuita do choque, do sexo e da violência.
Antes que algum defensor aguerrido do underground resolva pendurar minhas bolas na ponta de uma lança, já aviso que estou generalizando.

Voltando à história, Vampiro que Ri é chocante, sim, não vou perder meu tempo falando que o autor quis fazer uma crítica à decadência da sociedade moderna e blá-blá-blá-blá-blá, até porque acho que a história realmente não tem nenhuma mensagem por trás de seu nilismo.

Mas, além da brutalidade, o que me fascinou nela foi seu clima estranho, onírico, indefinível... a mesma sensação que tenho ao ver Nosferatu sair das sombras... aquela coisa de pesadelo subconsciente que ficou da infância... a mesma sensação que tenho ao ouvir algumas músicas do Pink Floyd... aquele algo indefinível, pesado, que escapa às palavras.
Mas sempre fascinante.
Aquela coisa que só as obras de arte tem.

A leitura é difícil, vão ser poucos que vão conseguir ficar confortáveis com bebês sendo usados para preencher uma banheira cheia de sangue, ou um ato de masturbação envolvendo um dedo decepado, mas a história vale a pena, desde que você não seja perturbado ou idiota o suficiente para se influenciar por ela.
Me pergunto o que levou a Conrad a publicar este livro, um prato para poucos paladares. Uma aposta arriscada, mas que acabou vingando.
Prova de visão e ousadia, coisa rara em nosso mercado editorial.

Não deixa de ser curioso notar que todos os quadrinhos-underground-marginais-do-mal-contra-este-sistema-decadente-podre-capitalista, sempre vêm em formato luxuoso e caros pra cacete.

Sandland-

Akira Toriyama é legal. Dói, mas admiti.
A primeira coisa que li dele foi Dragon Ball, com a nobre missão de coletar material para falar mal com base, porém, acabei gostando da história, o que aliás quase me fez procurar ajuda profissional ou terapia com drogas.
Depois veio Dr. Slump, que é cientificamente impossível de não gostar.

Em Sandland, Toriyama conta uma história que mistura um deserto, demônios e um velho soldado dentro de um tanque de guerra atrás de uma fonte lendária com toda aquela dose de bizarria nonsense e bom-humor ingênuo na qual Toryama é mestre.

Ele consegue me lembrar a um só tempo o gênio de Carl Barks, o clima de Asterix, o gaulês (o dos bons tempos), as saudosas Heróis da TV da minha infância e os gibis da Luluzinha –outro gibi que eu adoro, notaram como eu estou auto-confessional hoje?-.
Leitura leve e pra lá de recomendada. Genial à sua maneira.

E pensar que toda a história só surgiu por que ele queria desenhar tanques...

Uzumaki-

Chegamos então ao último e não menos bizonho mangá da lista: Uzumaki.

Pra resumir a questão, este foi o único gibi que fiquei receoso de virar a página, tamanho o grau de desconforto que ele gera.
Digamos que não são lá muitas pessoas que vão ficar confortáveis com a visão de um bebê sendo costurado de volta dentro da barriga da sua mãe.
Japonês quando resolve ser doentio, sai de baixo (nada pessoal, Carol).

A história não faz lá muito sentido (ok, não faz sentido nenhum) mas tem um clima assombroso e imperdível, forte como a muito tempo não via (exceção solene: O Vampiro que Ri, não por acaso, de outro tarado nipônico).

Como se não bastasse tudo isto, ainda descobri que Uzumaki virou filme no Japão.
Fiquei querendo ver, embora não sei se meu estômago está preparado para ver bebês costurados, grávidas bebendo sangue de doentes (com direito a furadeira no pescoço), homens-caracóis e meninas com buracos na cabeça, onde os olhos rolam soltos.
Ê povinho creepy.
Yeach!

Fábio Ochôa

segunda-feira, janeiro 22, 2007

David Lynch salva o mundo

Volta e meia eu fico, como diria a Fabi, “carboizado”com as coisas – tradução para meus leitores: Carboizado, do dicionário de gírias esdrúxulas entre duas pessoas: estupefato, tanto que se fica em estado de choque bovino, boi, carbonizado, de puro espanto, entendeu? Não? Nem eu. – Voltando a fita: volta e meia me deparo com fatos que me deixam carboizado com as pessoas, com a vida, com o mundo.

Minha última carboização ocorreu há poucos dias, sendo mais específico, com a bondade extrema dos astros hollywoodianos.

Desta vez, o homem que se pronunciou para ajudar as pessoas deste nosso mundão tão castigado foi David Lynch, diretor de Veludo Azul, O Homem-Elefante, Coração Selvagem e outras bizarrias boas ou nem tanto, que declarou ter um plano infalível para salvar o mundo, quiçá, o universo!
Atentem para a genialidade sutil que atravessa a mente deste homem: Lynch se propôs a fundar templos de meditação, onde meditantes (esta palavra existe?) assalariados vão enviar tantas energias positivas ao mundo que em breve estaremos entrando em alguma era de aquárius ou algo do gênero.

Que legal da parte dele. De tão comovido já enviei meus restos da janta de ontem e o que sobrou do meu salário do mês –segundo meus cálculos, exatamente R$ 1,65- para contribuir com a nobre causa.
Lynch, o homem que quer pacificar o mundo através da meditação, explica que seu nada ambicioso projeto – isto foi ironia - consiste em construir sete palácios de paz ao redor do mundo, tendo em cada um deles 8.000 pessoas pagas para meditar pela paz universal.

Ele já levantou 1 milhão de dólares para o projeto, que terá um custo total de 7 bilhões de dólares.

Nestas horas eu me sinto tãããão normal...

Fábio Ochôa

Vê só...

Em época de pirataria comendo solta, chega uma notícia muito curiosa.

Cansado de vender CD por tabela em camelô, Ralf, da dupla sertaneja Christian & Ralf resolveu chutar o baldinho, arregaçar as mangas, colocar o Chapéu Pensador, vestir uma camiseta escrita “Gente que Faz” e combater a pirataria pessoalmente.
No melhor espírito Professor Pardal, o cantor/inventor, criou uma alternativa ao CD, um modelo idêntico porém mais barato, o SMD.

O novo modelo, com o CD já pronto e gravado, tem um custo final mais barato que um CD virgem, podendo então competir com o preço dos camelôs.
Parece uma saída bem razoável e inteligente.

As gravadoras, obviamente, já afirmaram que não vão aderir a este novo formato.

Fazer o que?


Fábio Ochôa

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Pelo fim da cornalização

Aqui, no topo dos meus 26 anos, me considerava um sobrevivente.

Sobrevivi à propagação da AIDS nos anos 80, sobrevivi à propagação da miséria nos anos 90, contudo, apesar de todo este histórico e pedigree, acho que não conseguirei escapar ileso deste começo de novo milênio.
Existe uma nova epidemia se alastrando por aí, e não adianta usar camisinha, fazer figa, tomar Bezetacil ...tudo inútil, estamos totalmente expostos à ela: a propagação da Corno Music!

Com base nos hits musicais dos últimos dez anos, posso afirmar sem medo de errar que esta geração de cantores deve ser a mais incompetente no trato com o sexo oposto nos últimos 50 anos, pelo menos.
Faça um cálculo rápido: quantas músicas você ouviu nesta última década que tivesse pelo menos um verso com coisas como você me deixou / sinto sua falta / minha cama está vazia sem você / volta pra mim / e coisas do gênero.
Centenas? Milhares? Se você for ouvinte de FM, possivelmente dezenas de milhares! Haja chifre queimado!

O que houve com a geração espadaúda da música brasileira? Cadê os sucessores de Chico Buarque, Waldick Soriano e Wando? Homens que mostravam a cobra e matavam o pau (ou algo parecido) quando o assunto era mulher?Será possível que com tanta mulher que eles carcaram em vida, não conseguiram espalhar seus descendentes por aí?
Será possível que só o Odair José conseguiu crescer e se multiplicar?
Será? Será?

E dá-lhe sertanejo chorando chifre, dá-lhe pagodeiro chorando chifre, dá-lhe roqueiro chorando chifre, dá-lhe disco inteiro chorando pé na bunda, você entra no ônibus, guampa! Liga o rádio, guampa! Chega no serviço, guampa! Liga a TV na casa da namorada, guampa! Meu Deus, se eu gostasse de guampa iria trabalhar em fábrica de cuia! Alguém pare o mundo que eu quero descer!

Se isso fosse apenas um chifrudo malefício local, ainda teria esperança na contenção da epidemia, mas a praga do chifre atinge proporções globais (música de suspense: tcharããããã!!!).
Pense no Creed, no Radiohead, pior, pense nas 368 bandas emocore que surgiram nos últimos meses (não vou citar nomes porque não nasci com a fantástica habilidade de diferenciar uma da outra).
O que anda gerando este estranho fenômeno? As modernas comidas industrializadas? A poluição? O efeito estufa? O novo Papa? Tudo isto junto? Não sei... não sei...
Imagino as gerações futuras - todos portando seus belos cornos na testa - estudando esta época nas escolas e chegando à conclusão que, mais que a era da globalização, esta foi na verdade a era da cornalização.

Existem algumas curas para este mal – nem um pouco recomendáveis, devo afirmar - como por exemplo, só ouvir funk carioca.
É um tratamento radical, eu sei, pode matar ou deixar graves seqüelas nos que sobreviverem, como por exemplo o impulso irresistível de mexer a bunda toda hora na famosa posição da motinho.
Conheço casos de várias famílias que foram destruídas por este tratamento. É mais ou menos o equivalente à decapitação para se livrar de piolhos.
Muito pouco recomendado.

Guampas são um grande mal: são esteticamente feias, fazem mal para o pescoço e a coluna, engancham em fios e portas, fazem o portador ser vítimas de piadas maldosas, dificultam o uso de chapéu ou boné e como se não bastassem tudo isto, ainda são a matéria-prima da Corno Music.
Combata este mal. Encerro estas linhas extensas com um apelo:
Caro amigo, restaure a imagem do macho nacional. Diga não à cornalização!
Ouça Waldick Soriano.

Fábio Ochôa

domingo, janeiro 07, 2007

Ano novo, ano novo...

Mais um Natal se foi, mais um ano no calendário.
Menos decorado e com menos sentimento, ainda assim, outro ano que se foi, com toda sua carga de promessas e dever à computar.
Uma passagem com ares de ritual vazio, de sentimento escoado.
Fellini disse uma vez que nada é mais triste que um ritual isento de seu significado. Concordo com ele.

O que resta são as velhas listas de fim-de-ano, isso sim, imutável, a contabilidade entre o que se prometeu e o que se cumpriu (geralmente nada).
Fica a vontade de no ano que vem ser melhor. O espírito de renovação, ainda que dure pouco é uma coisa bonita.
Acho que mesmo pode ser dito da existência humana. É bonito e dura pouco.

Você conhece o guião básico. Novos acertos e erros. Nova tentativa de ser e fazer melhor.
Bonito. Espero que o espírito permaneça assim por 365 dias e não apenas 1.
Eu sei que é difícil.

Feliz novo dia 15 de janeiro.
Mude o que não gosta e faça a diferença.

Fábio Ochôa

Auto-retrato


Auto-retrato meu, tirado com estas câmeras modernas.

Fábio Ochôa

Arrowsmith



Nestas férias de ano-novo acabei assistindo ao blockbuster do ano, repleto daquela mistura rara de emoção, ação, inteligência, criatividade e efeitos especiais.
Pena que o tal blockbuster era apenas uma revista em quadrinhos chamada Arrowsmith, mas que seria o filme do ano em uma produção caprichada, isso é impossível não pensar.

Arrowsmith se passa em um mundo onde a magia é real e palpável, situada em 1915, em plena Primeira Guerra Mundial, onde balas e gás mostarda convivem com dragões, homúnculos, gárgulas e feiticeiros.
Um cenário que poderia render uma obra instigante ou um RPG meia-boca nas mãos de um roteirista nerd incompetente.
Felizmente estamos falando aqui de Kurt Busiek, nerd ele é, mas com um talento insuspeito para emocionar.

Aproveitando, faço os justos agradecimentos ao Bruno Jesus pelo empréstimo da dita obra, impedindo (ou apenas adiando) o sacrifício de 40 reais meus aos deuses do enterternimento.

Kurt Busiek é possivelmente um dos autores de mais subestimados dos últimos 15 anos. Para mim, ele geralmente fica no meio do caminho, suas obras tem grande idéias, mas sempre falta algo na realização, parecendo que ele não utiliza as idéias em todo seu potencial.
Mas coisas como Marvels e Identidade Secreta são simplesmente tocantes, ficando entre as melhores coisas que já li.
Voltando à Arrowsmith, a série conta com os desenhos de Carlos Pacheco, um dos melhores desenhistas de hq da atualidade, coisa que só colabora para a qualidade da edição.
É uma história sobre perda da inocência e crescimento durante a guerra. Você já leu e viu coisas iguais, mas Busiek e Pacheco fazem parte daquele seleto time de narradores que pegam uma velha história e consegue lhe apresentar tão maravilhosa como se fosse a primeira vez.

Fábio Ochôa

Os Aspones

Tinha visto um ou dois episódios da série na sua estréia em 2004. Achei interessante o conceito, mas ela acabou relegada a aquele tipo de coisa que eu só via quando tinha muito tempo sobrando.
Acho que em parte porque ela era da Fernanda Young, tenho um preconceito estranho e inexplicado quanto a tudo que ela faz, coisa que nem Freud explica.
Mas, tem que se considerar que é preciso MUITO esforço para uma série com Selton Mello, Pedro Paulo Rangel, Marisa Orth e Andrea Beltrão ser ruim.
E Aspones não é ruim.
Longe disso.

Aluguei o DVD da primeira - e única- temporada neste fim-de-semana, foi ótimo redescobrir a série, serviu para umas boas risadas e elevar meu nível geralmente alto de bom humor.

Fica a recomendação.

Fábio Ochôa

sábado, janeiro 06, 2007

Demorou, mas encontrei minha religião!

Cansei de vagar perdido por este mundão de Deus tendo como companheiro apenas meu velho espírito de porco, que sempre insiste em estragar qualquer visão cor-de-rosa do mundo.
Seguindo os conselhos daquelas tias evangélicas que cada vez que saio na rua me abarrotam de folhetinhos de igreja prometendo a cura para todos os males, vida eterna e o escambau (eu devo ter muita cara de sujeito desencaminhado na vida, é fato) resolvi deixar meu cinismo e materialismo de lado neste 2007 e me voltar para a vida espiritual!
Sim, amiguinhos que acompanham este blog, eu resolvi me encontrar com a religião!

Claro que encontrar uma religião não é bem assim. Não basta sair na rua e se pendurar no primeiro salvador que virar a esquina, é preciso ter critério e escolher bem.

Desisti de ser católico, afinal, uma religião cujo símbolo é um homem pregado em um pedaço de madeira não pode ser boa coisa e de religião espírita porque me borro de medo de fantasma.
Como podem ver eu tinha poucas opções.
Estava quase desistindo desse meu súbito ataque de iluminação, prestes a me jogar nas drogas e na bebida quando finalmente vi a luz no fim do túnel.
E não era nenhum trem vindo.

Optei por virar cientólogo.

A cientologia, mais do que uma prova que basta um terno bonitinho para convencer alguém de qualquer coisa, não importa quão absurda ela seja, deve ser com certeza a religião mais legal do mundo.
Todas as religiões tem aquele clima um tanto quanto épico e trágico, a cientologia não, ela é assumidamente um roteiro de filme de ficção classe B.
E dos mais furrecas, por sinal.

Bem, a grosso modo, o que ela prega é que estamos todos envolvidos em uma guerra galáctica de 75 mil anos contra o temível imperador Xenú. E nos ensina basicamente a desenvolver nossos poderes sobre a matéria para podermos combater esta força do mal.
Legal, não?

Então, eu pergunto a vocês, que outra religião no mundo combate o mal na galáxia? Qual? Qual?

Que outra religião dá a vocês superpoderes? Como, por exemplo (deixa eu ver aqui), ah, sim, sentidos hiperdesenvolvidos para "tensão muscular", "direção do som", "consciência do outro", "consciência de não saber" (uau, este troço deve ser mesmo poderoso), "consciência de apetite" (provável nome cientólogo para "estou com fome"?), "percepção de imaginação" e -este é especial- "percepção de ter percebido"?
Seja lá o que tudo isso queira dizer.

Que outra religião tem como porta-vozes Tom Cruise e John Travolta? Qual? Qual? Se você não pode confiar no Top Gun e no Tony Manero, em quem você pode confiar?

É isso, vou evoluir, ganhar superpoderes como a imprescindível "percepção de ter percebido" e a "consciência de não saber" e vou chutar bundas de malfeitores cósmicos neste novo ano que se avizinha.
E já que estamos em uma guerra cósmica, seria bom se eles recrutassem também o Chuck Norris e o Steven Seagal, nada contra o Cruise e o Travolta, mas sabe como é que é...

O que? Tem que pagar para entrar nesta porra?

Fábio Ochôa