O Livro dos Fatos
Há já algum tempo comprei o Livro dos Fatos, de Isaac Azimov.
Este livro na verdade era um compêndio de fatos estranhos e/ou curiosos que alimentava sua imaginação de escritor.
Achei legal, eu também tinha em minha casa um vasto arquivo de curiosidades, sem fim específico, esperando pacientemente a chance de virar histórias algum dia.
Imagino que todo mundo que lida com texto tenha seu próprio livro dos fatos particular.
Revisitando estas curiosidades que eu guardo, algumas das coisas que mantenho nesta caixa de inutilidades que chamo de cabeça:
A Fome-
Uma das coisas que sempre me impressiona é a mecânica dos corpos, máquinas orgânicas que se aproximam da forma mais louca e perfeita de arte.
É o tipo de coisa que quase faz com que eu acredite em um Deus projetista, esta perfeição tão intrincada que é impossível ser só obra do acaso.
Dentre todos seus fenômenos, uma das coisas que acho interessante é como funciona a fome.
Na falta de alimentos para gerar energia, o corpo consome a gordura disponível no corpo, na falta de gordura, principia a devorar os músculos.
Na falta de alimentos o corpo humano devora a si mesmo.
Sempre achei interessante este conceito.
Em plena Times Square, símbolo dos símbolos da civilização brutal ocidental, no meio das multidões e da poluição, nasceu uma rosa no concreto da calçada.
Apesar de todas as adversidades.
Segundo meus cálculos dá para fazer pelo menos umas 287 metáforas quanto a isso.
As sombras de Hiroshima-
As pessoas desintegradas na explosão de Hiroshima.
A única marca que deixaram foram seus contornos, tatuados nas paredes.
Sombras nas paredes.
Sombras mortas nas paredes.
No Haiti, os funerais são verdadeiras festas. O morto fica no centro da sala, o lugar de honra, sentado em sua cadeira favorita, todos os convidados conversam, riem, apertam sua mão, relembram fatos bons que tenham vivido, oferecem os melhores cigarros para o morto, bolos e contam histórias alegres para ele.
É uma festa de despedida, no sentido mais singelo que ela possa ter, a despeito de toda a bizarria que impere pela cena.
Acabado isto, fazem vigília por três dias, armados no túmulo do morto, para impedir que o ele vire zumbi nas mãos de hougans rivais da família.
A matéria-prima da gelatina vêm dos bois-
Essa eu quase caí duro quando li na Super-Interessante.
Pois é, a inocente gelatina que cansei de comer quando garoto vêm dos restos do boi ressecado.
Pelos meus cálculos protagonizei um autêntico genocídio bovino na infância.
Difícil vai ser dormir com tantos mugidos na minha consciência.
Durante a Segunda Guerra Mundial foram criados campos de concentrações na América, para “abrigar” descendentes de asiáticos e subversivos em geral.
Este sempre foi um assunto que muito me interessou, porém, a dificuldade de achar dados sobre isto é imensa.
É um terreno pantanoso onde ninguém quer pisar.
Fábio Ochôa