Influências são coisas estranhas, elas surgem de onde menos esperamos.
Tenho, particularmente algumas influências um tanto quanto exóticas nas coisas que faço, algumas nem mesmo fáceis de identificar.Algumas das minhas influências vêm dos autores beats, o que chega a ser curioso, uma vez que não gosto da maioria dos livros deles e para ser franco, não entendi porra nenhuma do que alguns deles falaram.
Ainda assim eles foram uma grande influência no modo de pensar não só o que escrevo, mas tudo em geral.
Os beats com suas margens de acertos e erros, buscaram uma vivência e arte mais autêntica, não tão presa ao convencionalismo dos costumes sociais, mais de acordo com os anseios íntimos de cada um (isso ficou parecendo papo de revista Contigo), obviamente, com seus consumos abusivos de drogas, sexo livre e crimes a rodo, incluindo a morte acidental da mulher de William Burroughs (ela brincava com o marido de colocar um copo na cabeça e ele com um disparo de pistola quebrar o copo...bem, um dia ele errou), entraram em choque direto com a sociedade da época.
No entanto, o ideal beat de um modo de vida sincero consigo mesmo era válido na américa pós-guerra fragmentada pela revelação da bomba atômica, assim como segue sendo válido até hoje.
Pense em qualquer movimento transgressor dos últimos 50 anos, seja a era hippie, o movimento punk, o nilismo grunge, a new wave... em um grau maior ou menor, todos encontram suas raízes na ruptura beat cinquentista.
Destas figuraças, um dos que sempre achei dos mais fascinante foi William Burroughs, dele eu lí O Almoço Nú - e não entendí simplesmente uma única palavra, apesar de sabe-Deus-por-que-motivo me manter interessado até a última página do livro.
Seu inferno junkie inspirou Mistérios e Paixões do David Cronenberg, vale a pena ser visto.
Recentemente comprei dele "the cat inside" (esqueci o nome em português). Não lí ainda.
Jack Kerouac fez o clássico Pé-na-Estrada, dos beats foi o menos ousado estilisticamente falando, sendo portanto, mais acessível ao público em geral... reparem que eu disse apenas "estilisticamente", mantendo o caráter barra-pesada e libertário de suas histórias autobiográficas.
Se aproximando às vezes de um Ernest Hemingway às avessas.
Recomendável. Muito recomendável.
Morreu de cirrose, se não me engano, vagando louco por um trilho de trem.Um final estranhamente de acordo com sua vida.
Allen Ginsberg é um caso à parte.
Seu livro de poemas "Uivo" (recentemente lançado pela L&PM) é obrigatório.
Para quem quiser se inteirar mais sobre a vida desta turma da pesada, tem um filme cujo nome em inglês é The Beat que narra os primeiros anos de desventuras deles, se alguém sabe o nome em português ou já assistiu, me informem, por favor!
Abraços
Fábio Ochôa